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terça-feira, 16 de abril de 2013

Abordagem encontra mais de 400 moradores de rua

Mais de 180 foram encaminhados para a sua terra de origem, mas muitos são nômades. Os dependentes químicos são em torno de 80% do total e alguns chegam a arrecadar entre R$ 100 a R$ 150/dia.

Janete Araújo

CHAMOU A ATENÇÃO da equipe que faz a abordagem social o fato de que a maior aglomeração da população de rua fica no Centro da cidade
IPATINGA - O Promotor  de Direitos Humanos da 6ª promotoria de Ipatinga, Bruno César Jardini, tomou a iniciativa de criar o “Projeto Paz nas Ruas”. Ele conta que por meio dele envolveu várias entidades do município visando minimizar um problema que já vem há algum tempo incomodando e trazendo sérios transtornos para a população da cidade, espalhando-se por vários bairros, que é a multiplicação dos moradores de rua. A partir daí começou então o trabalho da abordagem social, que vem diagnosticando a realidade dos moradores de rua no município e está praticamente terminado. Mais de 400 moradores foram encontrados e o número é ainda mais elevado, já que há aqueles que oferecem mais dificuldade para cadastramento, dada a sua característica de nômades.

Janete Araújo

Segundo o promotor, a abordagem foi iniciada no início de fevereiro, e a demora em sua conclusão, que é prevista para o final deste mês, se deve ao fato de muitos moradores se mudarem frequentemente de local nos seus pernoites. Por isso, no momento a tentativa é abordar aqueles que já se sabe existir mas não constam da estatística, diz o promotor.
“O processo é realizado por representantes dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Conseps), Projeto Videiras, Ministério Público (MP), Ordem dos Advogados (OAB), médicos, assistentes sociais da prefeitura e estagiários. Quando necessário, a Polícia Militar também é solicitada. Esses são os membros do Projeto Paz nas Ruas”, detalha Bruno Jardini.
“Visamos com o projeto dar um tratamento adequado para estas pessoas, pois só a higienização que é utilizada em algumas cidades não funciona. Então a ideia seria conceder o tratamento químico para aqueles que necessitam, internando-os em casas de recuperação, dando assistência aos que precisam. Temos ainda o objetivo de reabrir o abrigo de permanência breve, fechado desde o final do ano passado”, destaca ainda o promotor, referindo-se às instalações que eram oferecidas num imóvel ao lado da Delegacia Regional.
Bruno Jardini ainda observa que o município deve criar um Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Central POP), com programas para a retomada do convívio social e familiar, emissão de documentos, centro de convivência, cursos profissionalizantes e acompanhamento psicossocial visando à ressocialização dessas pessoas em situação de rua.

Janete Araújo

Bruno César Jardini, promotor de Direitos Humanos de Ipatinga: “Visamos com o projeto dar um tratamento adequado para estas pessoas, pois só a higienização que é utilizada em algumas cidades não funciona”
Diagnóstico
Já foram diagnosticados mais de 400 moradores de rua em Ipatinga. Desses, mais de 180 foram encaminhados para a sua terra de origem. Curiosamente, os dependentes químicos, usuários de drogas e álcool são em torno de 80% do total. Muitos são moradores da cidade e têm família, mas por residirem há tempo demais nas ruas pode ser difícil a sua reintegração social e familiar. Outro dado que chamou a atenção da equipe que faz a abordagem social é que a maior aglomeração da população de rua fica no Centro da cidade, principalmente nas ruas Sorocaba, Raposos, Sabará, Araguari, Uberlândia, Ouro Preto e nas praças José Júlio da Costa e da Bíblia. Em segundo lugar eles gostam de se aglomerar na BR-381 e perto no Ginásio do 7 de Outubro, nas proximidades do Parque Ipanema.
O grande problema é que esses locais servem de passagem para as pessoas que residem nos bairros Jardim Panorama, Parque Caravelas, bairro Caravelas e Veneza 2. No bairro Novo Cruzeiro, por exemplo, há uma fábrica de roupas e cerca de 80 funcionários transitam por essas imediações, sendo que a presença dos moradores de rua causa transtornos e incomoda a população.


Fórum Intersetorial debaterá a questão no dia 16 de maio

Também ficou claro durante a abordagem do Projeto “Paz nas Ruas” que a maioria dos moradores de rua são homens e que todos preferem permanecer nas ruas pela facilidade em obter comida e dinheiro. Alguns deles chegam a arrecadar entre R$ 100 a R$150/dia.
“Após o diagnóstico, a PM vai receber uma ficha de todos os dados que foram apurados para possível averiguação de pendências criminais entre as pessoas que foram abordadas pela equipe da Abordagem Social”, explica o promotor de Direitos Humanos.
Para finalizar todo o trabalho desenvolvido até agora, está marcado para o dia 16 de maio (uma quinta-feira) o 1º Fórum Intersetorial sobre Políticas Públicas para População em Situação de Rua. O evento acontecerá de 18h30 às 21h30, na Câmara de Vereadores de Ipatinga, com o tema “O Fenômeno População de rua”, e terá como  palestrante Gladston Figueiredo, da Pastoral Nacional do Povo da Rua. O Fórum vai definir as ações que serão realizadas para os casos diagnosticados durante a abordagem.
Fonte: Jornal Vale do Aço