Mostrando postagens com marcador Rio Piracicaba. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rio Piracicaba. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 28 de março de 2013

Canoa indígena é encontrada em Coronel Fabriciano

Objeto arqueológico localizado no rio Piracicaba ficará exposto para a população



Polliane Torres
CAnoa fabri2
A embarcação foi encontrada no bairro Dom Helvécio, conhecido também como Prainha
FABRICIANO -  Após a cheia do rio Piracicaba no fim de 2009, os moradores ribeirinhos do bairro Dom Helvécio, a antiga Prainha, encontraram uma enorme canoa com características de construção indígena. Trata-se de uma embarcação artesanal, esculpida em um tronco de árvore com 12,3 metros de comprimento, 80 centímetros de largura e 50 centímetros de altura. No fim de agosto de 2012 ela foi vendida para um morador de uma cidade vizinha. Agora, um grupo de empresários de Fabriciano adquiriu a canoa novamente para ser entregue ao município.
Pela lei, o município não poderia comprar o equipamento de volta, conforme explicou o gerente da secretaria de Esporte, Educação e Cultura, Amir José de Melo. “A situação foi avaliada pelo Conselho Municipal de Patrimônio, que determinou a necessidade de informar o caso ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por se tratar de um bem aparentemente arqueológico, a canoa pertence à União, mas a administração formou junto ao órgão o interesse de manter a canoa no município”, detalhou Amir de Melo.
Segundo o gerente, o Iphan defende a permanência do objetivo em seu local de origem. O Ministério Público Estadual do Patrimônio foi acionado para acompanhar o caso. E por se tratar de uma embarcação localizada em águas brasileiras, a Marinha também foi comunicada sobre o fato. No momento, o município aguarda um parecer da Justiça. “Enquanto aguardamos a solução fomos surpreendidos pela iniciativa de empresários da cidade que fizeram um acordo com o comprador e entregaram a canoa ao município, já que pela lei o município não poderia fazer a compra”, salientou o gerente.
História
Em breve, Fabriciano receberá uma visita técnica de um arqueólogo e técnicos a pedido do Iphan. A equipe fará um estudo do objeto, como a sua origem e características, antes de ser entregue ao município. Enquanto não há dados concretos estima-se que a canoa seja dos primórdios da região. “Desde o início da nossa história, havia muitos canoeiros por aqui. Eles tinham um importante papel de distribuir produtos, como o sal, que vinha de longe por meio dos rios Doce e Piracicaba. Os canoeiros entregavam o sal aos tropeiros que faziam a distribuição na região pelas trilhas até Ferros”, supõe Amir José de Melo.

Polliane Torres
I075105.jpg
A canoa possui 12,3 metros de comprimento, 80 centímetros de largura e 50 centímetros de altura

Proteção
No momento a canoa está guardada no galpão da madeireira Cremac, no distrito de Melo Viana. Mas é por pouco tempo. Amir de Melo afirma que em breve a embarcação deve ser levada para o terminal rodoviário, no Centro, para exposição. O galpão da Cremac foi cedido pelo proprietário da madeireira, Romeu Ribeiro, que integra o grupo de aproximadamente 20 empresários responsáveis pela aquisição e doação. “Como a prefeitura não tinha condições legais para fazer a compra resolvemos nos unir e reaver a canoa. Trata-se de um bem importante pra a memória do município, que deve ser exposto para a população”, declarou Romeu Ribeiro.
O empresário acredita que a canoa veio trazida a partir da ponte de Sá Carvalho. “Acho que ela deve ter virado na enchente de 1979 e só agora foi encontrada. A madeira na qual ela foi entalhada deve ser Jequitibá ou Vinhático”, cita. A canoa está em bom estado de conservação e demonstra muita robustez e grandiosidade. Uma antiguidade que pode resgatar parte das raízes históricas da região. 

Outra canoa
No momento há notícia de que uma segunda canoa, um pouco menor, e com as mesmas características encontrada no fim de setembro de 2013 estaria com outro morador de uma cidade vizinha. Amir José de Melo disse que a pessoa já foi notificada por meio de ofício para comparecer ao departamento. “Esclarecemos que não temos intenção de penalizar essas pessoas, que muitas vezes fizeram a venda por não ter conhecimento da lei. Queremos fazer um acordo para manter o bem no município”, comentou.