Jovens que moram na cidade falam de suas expectativas e apontam áreas que precisam melhorar
TIMÓTEO – Com 81.243 habitantes, de acordo com o censo
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) realizado em
2010, Timóteo chega aos seus 49 anos de emancipação
político-administrativa com 19% de jovens em sua população. Fundado no
entorno da antiga Acesita,
hoje Aperam South America, o município
cresceu em função da empresa e ficou conhecido como
a capital do inox.
Por muitos anos, atraiu jovens com sonhos de buscar uma profissão e
constituir
família. Mas qual seria a realidade hoje?
Atualmente, o município perde a forte vinculação econômica com a
siderurgia e os jovens que
nasceram ou vivem em Timóteo se dividem entre
ficar na tranquilidade que a cidade oferece e
tentar a vida nas
capitais, visto que o serviço público também já não supre a demanda por
vagas
de trabalho.
No mais recente censo realizado pelo IBGE, em 2010, foram
contabilizados 15.639 jovens,
mostrando que a população adulta e idosa é
maioria no município. Para elaboração deste
levantamento, a reportagem
considera como jovens pessoas com idade entre 15 e 25 anos.
As entrevistas revelam que, apesar de o município e região oferecerem muitas opções de
As entrevistas revelam que, apesar de o município e região oferecerem muitas opções de
cursos universitários, muitos jovens ainda saem para
estudar em uma instituição federal e,
na maioria das vezes, não voltam
após a formatura.
Nesta data especial, a reportagem do DIÁRIO DO AÇO foi às ruas de Timóteo para ouvir
dos jovens suas expectativas e críticas sobre a
cidade, considerada a sexta melhor em
qualidade de vida no Estado (PNUD
2000).
MudançaApesar de a região ser considerada polo educacional e de Timóteo abrigar inclusive uma
unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica
(Cefet), ainda são muitos os jovens
que precisam sair de casa para
estudar. Esse é o caso da estudante Thaís Caroline,
17 anos, moradora do
bairro Ana Rita. Após ser aprovada no vestibular de Ciências
Econômicas
na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Thaís Caroline acerta
os últimos detalhes junto da família para programa a sua mudança para
Vitória.
Para a jovem de 16 anos, moradora do bairro Alvorada, Dayana Ferreira Costa, a saída de
Sentada em um banco da praça 1º de Maio, Thaís conta que tinha planos
de sair de
Timóteo há muito tempo. “Apesar de ter muitas faculdades
aqui, não há nenhuma
federal, então, tive que tentar vestibular fora”,
declarou a jovem. Nascida em Timóteo,
ela afirma que a tranquilidade
oferecida aos moradores é a maior vantagem de se morar
na cidade. “Gosto
muito do clima tranquilo daqui. Na minha opinião, a violência ainda
não
tomou conta da cidade e podemos ir e vir. Mas teria que enfrentar a
realidade da
capital e deixar a família para estudar”, disse Thaís
Caroline.
Para a estudante, Timóteo precisa melhorar em vários aspectos para se
tornar atrativa
aos jovens. “Como em várias partes do Brasil, Timóteo
precisa de melhorias na saúde.
A situação das vias está péssima, é
preciso melhorar a infraestrutura das ruas.
A educação também é um
problema. Devíamos ter uma universidade federal aqui.
O Cefet deveria
ofertar mais cursos”, salientou.
PlanosPara a jovem de 16 anos, moradora do bairro Alvorada, Dayana Ferreira Costa, a saída de
Timóteo para cursar faculdade também é certa. Nascida
em Volta Redonda (RJ), ele se
mudou para a cidade há sete anos. “Tenho
planos de sair de Timóteo para cursar Engenharia
Civil. Aqui não tem
tanta oportunidade”, falou.
Para o estudante Michael Douglas Rodrigues, 18 anos, Timóteo vai muito
bem. Bem-humorado,
Nesses sete anos morando em Timóteo, Dayana Ferreira valoriza o clima
agradável da cidade
para conviver em família. “Gosta de passear nas
praças com a família. A cidade tem um
bom clima”, comentou. Por outro
lado, o trânsito e a violência são apontados por ela como
desvantagens.
“O trânsito aqui é uma bagunça e o asfalto mal conservado. Acho que,
ultimamente, o número de assaltos aqui está muito alto, falta mais
segurança”, criticou.
Jovens são unânimes ao destacar a “tranquilidade” timoteense
Entre os prós e contras apresentados pelos jovens que vivem no
município, a tranquilidade
é uma característica citada por todos os
entrevistados. Praças, áreas verdes, pontos turísticos
mergulhados na
natureza, convivência amigável, agradam tanto aqueles que já nasceram
na
cidade, quanto os “estrangeiros”, que acabaram adotando Timóteo. Sobre
os lugares, a Praça
do Coreto é o lugar predileto deles na cidade.
Entre os “adotados” está a balconista Caroline Aparecida Alves, 24
anos, moradora do bairro
Timirim. Ela nasceu em São Pedro dos Ferros e
reside em Timóteo há seis anos. Bem
acolhida na cidade, Caroline
Aparecida afirma que não pretende sair dela. “Quero continuar morando
em
Timóteo, gosto muito daqui”, resumiu.
Entre as qualidades citadas pela balconista, está a tranquilidade
“relativa”. “Acho Timóteo
uma cidade relativamente tranquila. Pelo menos
é melhor nesse aspecto do que muitos municípios
próximos. Um dos meus
lugares preferidos aqui é o Oikós”, disse. Apesar de gostar muito
de
Timóteo, Caroline Aparecida acha que o município precisa de mais áreas
de lazer. “Acho
que Timóteo precisava ter um lugar como o Parque Ipanema
de Ipatinga. Faltam mais investimentos
na saúde e em segurança
pública”, opinou.
o morador do bairro Recanto Verde não tem planos de
sair da cidade. “Quero continuar morando
aqui. Gosto muito de Timóteo.
Meu lugar preferido é o Coreto, que é um ponto de encontro da
cidade”,
declarou. Apesar de não ter muitas críticas sobre o município, Michael
Douglas aponta
a saúde e o trânsito como pontos que precisam melhorar.
A auxiliar administrativa Bárbara Carvalho, 22 anos, moradora do
Centro-Sul, quer continuar
Convivência
Técnica em informática, Nadya Gonçalves 19 anos, moradora do Santa Terezinha, diz que ama
Técnica em informática, Nadya Gonçalves 19 anos, moradora do Santa Terezinha, diz que ama
a cidade onde nasceu. “Nasci aqui e adora o tipo
de convivência que temos em Timóteo.
Meu lugar preferido é a Praça do
Coreto”, frisou. Porém, diante de uma boa oportunidade de
emprego em
outra cidade Nadya Gonçalves não relutaria em sair. “No momento não
pretendo
sair daqui, mas se tivesse uma boa oportunidade profissional
sairia sim”, pontuou. Sobre as
deficiências de Timóteo, Nadya aponta a
saúde pública, o asfalto e falta de lazer. “Acho que
aqui falta mais
lazer para os jovens e o asfalto está esburacado demais, a saúde
dispensa
comentários, é um problema geral”, observou.
em Timóteo. “Nasci aqui e gosto de morar
aqui. Não escolheria outro lugar. Adoro essa
tranquilidade. Poder me
movimentar a hora que eu quiser sem ter que me preocupar com
aquela
violência que vemos nas capitais”, elogiou.
Apesar de tantas vantagens, Bárbara Carvalho teceu duras críticas ao responder à pergunta
Apesar de tantas vantagens, Bárbara Carvalho teceu duras críticas ao responder à pergunta
sobre o que precisa melhorar na cidade. “Acho que
temos que mudar os políticos. Em Timóteo,
há vários bairros que estão
abandonados, precisamos de muitas melhorias em relação ao poder
e
serviço público”, concluiu.
Repórter : Polliane Torres
Fonte: Diário do Aço