FOTOS: LAIRTO MARTINS
A PASSEATA saiu da praça 1º de Maio, percorreu a Av. 28 de Abril e seguiu em direção à sede da Delegacia Regional de Polícia Civil
IPATINGA – Uma manifestação realizada na tarde desta segunda-feira (08), no centro de Ipatinga, marcou os 30 dias da execução do jornalista Rodrigo Neto de Faria. Depois de uma concentração na Praça 1º de Maio, diversas pessoas saíram numa caminhada até a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ipatinga.A PASSEATA saiu da praça 1º de Maio, percorreu a Av. 28 de Abril e seguiu em direção à sede da Delegacia Regional de Polícia Civil
Articulado pelo Comitê Rodrigo Neto, o movimento reuniu profissionais da imprensa, colegas de trabalho, amigos e familiares do jornalista, que trabalhava na Rádio Vanguarda AM e Jornal Vale do Aço. Também bacharel em Direito, Rodrigo abordava em muitas de suas matérias crimes não solucionados pela polícia.
Alvo de ameaças de morte denunciadas ao Ministério Público e à polícia, o jornalista foi morto a tiros nos primeiros 30 minutos da madrugada do dia 8 de março, numa das mais movimentadas avenidas da cidade. Ele havia acabado de sair de uma barraquinha de churrascos e entrava no seu carro quando foi atingido com um tiro na cabeça, outro no peito e um terceiro nas costas.
Natural de Caratinga, Rodrigo Neto era casado e tinha um filho de seis anos de idade. No programa Plantão Policial, na Rádio Vanguarda, Rodrigo apresentava aos sábados um quadro intitulado ‘O que o tempo não apagou’. Entre os diversos casos abordados, eram enfocadas execuções praticadas por um suposto grupo de extermínio formado por policiais.
O Comitê Rodrigo Neto, integrado por profissionais da imprensa do Vale do Aço, foi constituído com o objetivo de cobrar das autoridades a identificação e prisão dos autores do assassinato do jornalista. Semanalmente, o movimento edita matérias que faziam parte da agenda de notícias de Rodrigo Neto. O material tem sido publicado em conjunto pela imprensa regional e já está na quinta reportagem.
Com o slogan ‘Rodrigo Neto – Sua voz não vai se calar – Chega de impunidade!’, o movimento saiu às ruas do centro de Ipatinga nesta segunda-feira e chamou a atenção da população. Depois de percorrer a avenida 28 de Abril, onde estão localizados os principais estabelecimentos comerciais da cidade, os manifestantes subiram a avenida João Valentim Pascoal até a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil.
“A manifestação cumpriu seu papel de lembrar um mês sem respostas sobre a autoria do crime. Contamos ainda com a presença de mães de vítimas de crimes que caíram no esquecimento e também aguardam resposta. Essa cobrança pela impunidade é muito importante, ela lembra algo que era muito natural no Rodrigo, que era clamar por justiça”, avaliou uma das coordenadoras do Comitê Rodrigo Neto.
Nesta quinta-feira, membros do Comitê estarão em BH para entregar à ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, um relatório sobre os diversos casos denunciados por Rodrigo Neto. Há cerca de 15 dias, a ministra esteve em Ipatinga, juntamente com o deputado estadual Durval Ângelo (da Comissão de Direitos Humanos da ALMG) e deputado federal Nilmário Miranda, para participar de uma audiência pública sobre a execução do jornalista.
Autoridades públicas
engrossam passeata
Várias autoridades públicas ligadas também ao Legislativo e ao Judiciário participaram da manifestação desta segunda-feira, no centro de Ipatinga, em memória do jornalista Rodrigo Neto. O promotor de Justiça Walter Freitas acredita que o ato público foi importante para marcar a posição da sociedade contra os crimes que ocorreram e que não foram resolvidos. “Fatos como esse não podem cair no esquecimento, não só com relação ao Rodrigo Neto, mas com relação ao todos os outros que precisam ser devidamente esclarecidos”, observa. Sobre os crimes sem solução para os quais Rodrigo Neto cobrava respostas e que a imprensa vem repercutindo, gerando críticas de alguns setores, Walter Freitas entende que a ação é de extrema relevância para que não caiam no esquecimento da população e de quem está à frente das investigações.
Para o professor de História Sávio Tarso, a elucidação desse crime é simbólica. Se fizermos as autoridades investigarem, chegarem aos culpados e às provas e levarem o caso a julgamento, poderemos pensar que a impunidade estará nos deixando”, acredita.
Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Coronel Fabriciano, Marcos da Luz, a execução de Rodrigo Neto atenta contra a sociedade, por isso não se pode deixar que a voz dele seja calada. “A investigação anda muito devagar e tudo que puder ser feito para não deixar esse crime cair no esquecimento é válido”, diz o parlamentar.
O representante regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Paulo Sérgio de Oliveira, disse que a entidade vem procurando junto às autoridades competentes uma resposta mais rápida para o assassinato do repórter policial e também apoia todas as atividades realizadas pelo Comitê Rodrigo Neto. “O grande medo é que a imprensa regional seja ameaçada cada vez que fizer uma denúncia qualquer. Já ficamos sabendo que alguns órgãos estão encontrando dificuldade em cobrir notícias policiais. É um conjunto de crimes que acontece na região que estão ficando sem solução e isso é preocupante”, salienta.
ALMG promove audiência para
discutir a morte de jornalista
FOTOS: LAIRTO MARTINS
JUNTO À BR-381, próximo à estação ferroviária de Ipatinga, cruzes foram instaladas para lembrar a morte ainda não esclarecida de Rodrigo
O assassinato do jornalista Rodrigo Neto será tema de audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião é uma solicitação do deputado Durval Ângelo (PT) e será realizada nesta terça-feira (09), às 14 horas, no Teatro da Assembleia. JUNTO À BR-381, próximo à estação ferroviária de Ipatinga, cruzes foram instaladas para lembrar a morte ainda não esclarecida de Rodrigo
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia está acompanhando o caso. No dia 19 de março, ela veio a Ipatinga, ao 12º Departamento de Polícia Civil, para obter informações a respeito do crime e solicitar agilidade na apuração. A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, também esteve em Ipatinga. Na reunião, foi definido que seria encaminhada uma solicitação ao Ministério da Justiça para que a Polícia Federal colaborasse na apuração do assassinato.
Convidados
Foram convidados para a audiência o deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG); o delegado adjunto do 12º Departamento de Policia Civil de Minas Gerais, Alexsander Esteves Palmeira; e os presidentes da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo; da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, William dos Santos; e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Eneida Ferreira da Costa.
Fonte: Jornal Vale do aço