Presidente de sindicato destaca que "generalização é
injusta" e defende ampla defesa para policiais presos suspeitos de
envolvimento com execuções
IPATINGA – A prisão temporária de dois policiais
civis, além de um médico legista, investigados por suposto envolvimento
em crimes praticados na região, motivou a vinda de representantes do
Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas gerais (Sindpol) a
Ipatinga, na tarde de ontem. As prisões são fruto do trabalho de um
força-tarefa da Polícia Civil que investiga execuções supostamente
feitas por policiais no Vale do Aço, crimes cuja impunidade era
denunciada pelo repórter Rodrigo Neto, 38 anos, morto a tiros na
madrugada de 8 de março. A PC também investiga a relação da morte de
Rodrigo com o assassinato do fotógrafo Walgney Carvalho, 43 anos, em 14
de abril.
O presidente da entidade, Denilson Martins, se reuniu com delegados e
posteriormente com dezenas de filiados na sede da 1ª Delegacia da
Polícia Civil, em Ipatinga. Denilson Martins explicou que realizou uma
inspeção sindical, um ato rotineiro quando há necessidade da presença do
sindicato. “O que motivou nossa vinda foram as apurações de homicídios e
demais eventos criminosos na região. Que fique bem claro que essas
prisões temporárias decretadas pelo Judiciário não estão relacionadas
com a morte do repórter Rodrigo Neto e do fotógrafo. Elas estão ligadas a
processos antigos que estão em apuração”, declarou Denilson Martins.
O presidente do Sindpol informou que acompanha a investigação sobre os
policiais civis e presta apoio às suas famílias. “Zelamos pelo devido
processo legal e pela ampla defesa. Trata-se de policiais honestos e
trabalhadores, que têm a vida pregressa honesta. Essa arguição pegou a
todos nós de surpresa”, pontua.
O dirigente rebateu possíveis generalizações à categoria em função
dessa investigação. “Toda forma de generalização é injusta. A maioria
esmagadora dos policiais civis sai de casa para dar segurança à
sociedade. Esse fato isolado deve ser apurado com o rigor que carece.
Faz parte do dia a dia do policial ser questionado, o que não pode é
faltar equilíbrio na atuação de quem nos cobra”, destacou.
Denilson Martins falou sobre a expectativa no desfecho da apuração da
morte do repórter e do fotógrafo. “Rodrigo Neto é pessoa muito próxima
da PC e interessa a todos nós a apuração das causas da sua morte e a do
fotógrafo”, sintetizou. Em assembleia dos filiados ontem foi definida a
nova diretoria regional do Sindpol. O delegado Alexandro Silveira
Caetano assumiu a direção e Elói Carlos Pereira está na diretoria
financeira, tendo como suplente Elton Pereira da Costa. Atualmente, a
região possui cerca de 120 filiados. No Estado, são 4.800 filiados.
Reivindicação pela ampliação de efetivo da PC
Em sua visita, Denilson Martins falou sobre a carência de efetivo da
Polícia Civil e das ações em prol da melhoria na composição dos quadros.
“Trabalhamos com um terço do necessário, o mesmo da década de 1980, e a
população, de lá pra cá, quase triplicou”, comparou o dirigente do
Sindpol.
Denilson Martins lembrou que, em 2011, a greve deflagrada pela
categoria resultou em um concurso público. Estavam previstas 144 vagas e
a pressão resultou na chamada de 420 delegados de polícia. Eram
previstos 205 escrivães, e já foram chamados 384. Agora, diz o
sindicalista, há um compromisso do secretário de Defesa Social, Rômulo
Ferraz, de convocar mais 300 servidores.
“Uma seleção vai abrir, ainda, concurso para 1.600 novos investigadores
para a polícia judiciária”, anunciou. Outra ação defendida por Denílson
Martins é a Nova Lei Orgânica da PC, prevista no Projeto de Lei
23/2012. “Ela amplia o quadro efetivo de 12.250 para 18.500. Estamos
pressionando o governo, que tem até 5 de maio para enviar o projeto à
Assembleia Legislativa, sob pena de deflagramos greve”, concluiu.
Fonte: Diário do Aço